Por Renato Veloso
20/06/13
Quando as manifestações de resistência ao aumento das
tarifas de ônibus tiveram início, vozes conservadoras e reacionárias de vários
timbres entoaram em coro quase uníssono: “Esse tumulto todo só por causa de
vinte centavos!”.
Agora que os movimentos sociais conseguem ocupar o tempo
mais forte deste compasso político esses mesmos conservadores querem mudar a
métrica, afirmando que os vinte centavos se transformaram, num verdadeiro
milagre da multiplicação (não de pães, mas de centavos), em um custo de RS 8,6
bi (no caso do município de São Paulo, de acordo com a VEJA.com).
O número se refere ao montante do subsídio público ao
transporte nos próximos quatro anos. Se a tarifa permanecesse a R$ 3,20, o
subsídio seria de R$ 6 bi. Com o congelamento, a diferença será de R$2,6 bi,
uma queda de centavos bem expressiva. Lembrando que esse valor é para os
próximos quatro anos, o que corresponderia, em média, a R$650 mi por ano, sendo
R$ 175 mi em 2013.
De onde vai sair o dinheiro? Como sempre, querem que a
população pague a conta. A prefeitura de São Paulo já adiantou que “a verba usada para subsidiar as passagens
será limada dos investimentos em áreas como educação e saúde”, e, ao que
tudo indica, “tal despesa não será abatida do lucro das empresas de transporte”.
O mais dramático é que não é
necessário muito esforço para encontrar novas fontes, até porque elas já estão
disponíveis, só que sendo usadas para financiar interesses de grandes grupos econômicos,
e não para atender necessidades da população.
O custo com a organização da
Copa, por exemplo, já chega a R$ 28 bi (segundo a Folha), e os ingressos para os jogos podem
chegar a R$ 1.500,00, deixando claro que esta não é a “Copa de todos”. O custo do Itaquerão vai superar R$ 1bi. Na última semana o BNDS anunciou o financiamento de R$ 400 mi, o que já resolveria o subsídio do transporte público de São Paulo neste ano.
As mobilizações das
últimos semanas deixaram claro que a gestão pública não pode desconsiderar aqueles
que, na verdade, constituem a razão da sua própria existência. O povo e,
sobretudo os jovens, estão nos dando, ao longo desta semana, aulas de valor inestimável
que centavo algum poderia pagar. Vamos ver o que vem pelas próximas!