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CASTELLS, M. “A construção da identidade”. In O poder da identidade. São Paulo: Paz e terra, 1999.
IDENTIDADE – fonte de significado e experiência de um povo.
Processo de construção de significado; conjunto de atributos culturais inter-relacionados.
Identidades múltiplas; pluralidade; tensão; contradição.
Identidade – fontes de significado para os próprios atores, por eles originadas, e construídas por meio de um processo de individuação; processo de autoconstrução e individuação.
Toda e qualquer identidade é construída; principal questão: como, a partir de quê, por quê e para quem essa construção acontece.
A construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso. Porém, todos esses materiais são processados pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades, que reorganizam seu significado em função de tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua estrutura social, bem como em sua visão de tempo e espaço.
TRÊS FORMAS DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES:
Identidade legitimadora: introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais.
Identidade de resistência: criada por atores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes últimos.
Identidade de projeto: quando os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo de buscar a transformação de toda a estrutura social. Exemplo: feminismo, que abandona as trincheiras da resistência para fazer frente ao patriarcalismo.
Identidades que começam como resistência podem acabar resultando em projetos, ou tornarem-se dominantes, transformando-se em legitimadoras.
Nenhuma identidade pode constituir uma essência e nenhuma delas encerra valor progressista ou retrógrado se estiver fora de seu contexto histórico.
Identidade destinada à resistência pode ser o tipo mais importante de construção de identidade em nossa sociedade. Dá origem a formas de resistência coletiva diante de uma opressão que, do contrário não seria suportável. Construção de uma identidade defensiva, revertendo julgamento de valores, e ao mesmo tempo reforçando os limites da resistência.
A identidade de projeto produz sujeitos. Sujeitos não são indivíduos. São o ator social coletivo pelo qual indivíduos atingem determinado significado.