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TRABALHO --> base da atividade econômica; transformação de matérias naturais em produtos que atendem necessidades humanas; transformação da natureza, transformação prática; esforço de extrair da natureza os meios de manter e reproduzir a sua vida, voltados para atender necessidades fundamentais; essa atividade desencadeou transformações substantivas; surgimento de relações e desdobramentos inexistentes na natureza; fundante do ser social; processo histórico pelo qual surge o ser social (p.35).
Sujeito x objeto
Subjetivação x Objetivação
Traços/exigências vinculados(as) ao trabalho:
· Atividade teleologicamente orientada
· Tendência à universalização
· Linguagem articulada
Transformação do sujeito que trabalha; “Foi através do trabalho que, de grupos primatas surgiram os primeiros grupos humanos – numa espécie de salto que fez emergir um novo tipo de ser, distinto do ser natural: o ser social”.
Sociedade --> modos de existir do ser social; é na sociedade e nos membros que a compõem que o ser social existe; a sociedade, e seus membros, constitui o ser social e dele se constitui.
Trabalho --> através dele, uma espécie natural, sem deixar de participar da natureza, transformou-se em algo diverso da natureza. Tornaram-se seres que, a partir de uma base natural, desenvolveram características e traços os distinguem da natureza; para além de seres naturais, tornaram-se seres sociais; este é o processo da história.
HISTÓRIA --> processo pelo qual, sem perder sua base natural, uma espécie da natureza constitui-se como espécie humana; historia do desenvolvimento do ser social; processo de humanização; o desenvolvimento histórico é o desenvolvimento do ser social (p.38).
Ser social é capaz de:
Realizar atividades teleologicamente orientadas;
Objetivar-se material e idealmente;
Comunicar-se e expressar-se pela linguagem articulada;
Tratar suas atividades e a si mesmo de modo reflexivo, consciente e autoconsciente;
Escolher entre alternativas concretas;
Universalizar-se;
Sociabilizar-se.
Trabalho --> uma objetivação, primária e ineliminável, do ser social; existem outras objetivações: ciência, filosofia, arte etc.
Práxis --> permite apreender a riqueza do ser social desenvolvido; verifica-se como o ser social se projeta e se realiza nas objetivações materiais e ideais da ciência, da filosofia, da arte etc; revela o homem como ser criativo e autoprodutivo.
Alienação --> própria de sociedades onde têm vigência a divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção; sociedades nas quais o produto da atividade do trabalhador não lhe pertence; expropriação; exploração. As objetivações alienadas deixam de promover a humanização do homem e passam a estimular regressões do ser social; a possibilidade de incorporar as objetivações do ser social é posta de maneira desigual;
Trabalho --> Valor
O valor (riqueza social) resulta exclusivamente do trabalho.
Valor é determinado pelo “tempo de trabalho socialmente necessário”.
ECONOMIA POLÍTICA - Introdução
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A Economia Política aborda questões ligadas diretamente a interesses materiais (econômicos e sociais), não podendo haver “neutralidade”, pois suas teses e conclusões estão sempre conectadas a interesses de grupos e classes sociais.
Na Economia Política clássica (Adam Smith e David Ricardo), encontram-se duas características centrais:
Primeira --> a natureza dessa teoria social: não se tratava de uma disciplina particular, especializada, que procurava “recortar” da realidade social um objeto específico (o econômico) e analisá-lo de forma autônoma. À Economia Política interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo na crise do Antigo Regime – as transformações em curso na sociedade, a partir da generalização das relações mercantis e de sua extensão ao mundo do trabalho. A Economia Política clássica não desejava constituir-se simplesmente como uma disciplina científica; almejava compreender o modo de funcionamento da sociedade que estava nascendo das entranhas do mundo feudal; a Economia Política se erguia como fundante de uma teoria social, um elenco articulado de idéias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social. Os clássicos não se colocavam como cientistas puros, mas tinham claros objetivos de intervenção política e social.
Segunda --> o modo como tratou as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucros, salário, mercado, propriedade privada etc): categorias e instituições naturais, eternas e invariáveis na sua estrutura fundamental. Inspiração das concepções próprias do jusnaturalismo moderno, que marcou a teoria política liberal ou o liberalismo clássico.
Compromisso social e político da Economia Política clássica
Liberalismo clássico constituiu uma arma ideológica da luta da burguesia contra o Estado Absolutista e contra as instituições do Antigo Regime; condensou os interesses da burguesia revolucionaria que se confrontava com os beneficiários da feudalidade: a Nobreza fundiária e a Igreja.
A influência jusnaturalista e liberal não são um acaso, mas sinalizam que a Economia Política insere-se num quadro maior da Ilustração; importante capítulo no processo pelo qual a burguesia avança para a construção de seu domínio de classe; o que assinalou, em face da feudalidade, um gigantesco progresso histórico.
A Economia Política clássica expressou o ideário da burguesia num período em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o Antigo Regime.
Crise e dissolução da Economia Política clássica. Crise dos ideais da burguesia revolucionária. Alteração da relação entre burguesia e cultura ilustrada.
Cultura ilustrada: projeto de emancipação humana que foi conduzido pela burguesia revolucionária, resumido na célebre consignação “liberdade, igualdade e fraternidade”. A emancipação possível sob o regime burguês não é a emancipação humana, mas somente a emancipação política. Houve emancipação dos homens das relações de dependência pessoal vigentes na feudalidade; mas não houve igualdade econômico-social, e sem esta a emancipação humana é impossível.
A Revolução burguesa não conduziu ao prometido “reino da liberdade”: conduziu a uma ordem social mais livre que a anterior, mas que continha limites, com uma nova dominação de classe.
A burguesia renuncia aos seus ideais emancipadores e converte-se em classe conservadora, neutralizando ou abandonando conteúdos mais avançados da cultura ilustrada. Novo cenário de confrontos: não mais burguesia x nobreza; mas burguesia x trabalhadores. Dois protagonistas começam a se enfrentar diretamente: a burguesia conservadora e o proletariado revolucionário.
A burguesia abandona os principais valores da cultura ilustrada e ingressa no ciclo da sua decadência ideológica, marcado pela sua incapacidade de classe de propor alternativas emancipadoras; a herança ilustrada passa às mãos do proletariado, o sujeito revolucionário. A Economia Política clássica torna-se incompatível com os ideais da burguesia conservadora.
Desuso da expressão “Economia Política”. Dissolução da Economia Política clássica: duas linhas de desenvolvimento teórico excludentes: investigação conduzida por pensadores da ordem burguesa e pelos intelectuais vinculados ao proletariado. No primeiro, a expressão é abandonada e substituída pela nominação mais simples de “Economia”; no segundo, “Crítica da Economia Política”.
Economia: disciplina científico-acadêmica estritamente especializada, técnica, depurada de preocupações históricas, sociais e políticas, que serão passadas para outras ciências sociais; adequada à ordem social da burguesia conservadora, torna-se instrumental, desenvolvendo enorme arsenal técnico; renuncia a qualquer pretensão de fornecer as bases para a compreensão do conjunto da vida social; ruptura em face da Economia Política clássica, tornando-se um importante instrumento de administração, manipulação e legitimação da ordem burguesa. Toma a ordem burguesa e suas categorias econômicas como naturais, imutáveis e invariáveis.
Crítica da Economia Política: a sociedade burguesa não é uma organização natural; é uma forma de organização social histórica, transitória. Vínculo com a cultura ilustrada; superação da Economia Política clássica, incorporando suas conquistas, mostrando seus limites e equívocos. Historiciza as categorias econômicas, rompendo a naturalização que as pressupõe como eternas; análise das leis do movimento do capital, base para apreender a dinâmica da sociedade capitalista, cujo conjunto de relações sociais está subordinado ao comando do capital. Uso do método crítico-dialético (materialismo histórico).
A Economia Política é a ciência das leis que regem a produção e a troca dos meios materiais de subsistência na sociedade humana. O objeto da Economia Política não é simplesmente a produção, mas as relações sociais que existem entre os homens na produção, a estrutura social da produção. O objeto da Economia política é a atividade econômica, ou seja, a produção e a distribuição dos bens com os quais os homens satisfazem as suas necessidades individuais ou coletivas; essa produção e distribuição constituem o processo econômico, e o objetivo da economia política é estudar as leis sociais que regulam esse processo.
Economia Política --> ciência das leis sociais da atividade econômica.
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A Economia Política aborda questões ligadas diretamente a interesses materiais (econômicos e sociais), não podendo haver “neutralidade”, pois suas teses e conclusões estão sempre conectadas a interesses de grupos e classes sociais.
Na Economia Política clássica (Adam Smith e David Ricardo), encontram-se duas características centrais:
Primeira --> a natureza dessa teoria social: não se tratava de uma disciplina particular, especializada, que procurava “recortar” da realidade social um objeto específico (o econômico) e analisá-lo de forma autônoma. À Economia Política interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo na crise do Antigo Regime – as transformações em curso na sociedade, a partir da generalização das relações mercantis e de sua extensão ao mundo do trabalho. A Economia Política clássica não desejava constituir-se simplesmente como uma disciplina científica; almejava compreender o modo de funcionamento da sociedade que estava nascendo das entranhas do mundo feudal; a Economia Política se erguia como fundante de uma teoria social, um elenco articulado de idéias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social. Os clássicos não se colocavam como cientistas puros, mas tinham claros objetivos de intervenção política e social.
Segunda --> o modo como tratou as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucros, salário, mercado, propriedade privada etc): categorias e instituições naturais, eternas e invariáveis na sua estrutura fundamental. Inspiração das concepções próprias do jusnaturalismo moderno, que marcou a teoria política liberal ou o liberalismo clássico.
Compromisso social e político da Economia Política clássica
Liberalismo clássico constituiu uma arma ideológica da luta da burguesia contra o Estado Absolutista e contra as instituições do Antigo Regime; condensou os interesses da burguesia revolucionaria que se confrontava com os beneficiários da feudalidade: a Nobreza fundiária e a Igreja.
A influência jusnaturalista e liberal não são um acaso, mas sinalizam que a Economia Política insere-se num quadro maior da Ilustração; importante capítulo no processo pelo qual a burguesia avança para a construção de seu domínio de classe; o que assinalou, em face da feudalidade, um gigantesco progresso histórico.
A Economia Política clássica expressou o ideário da burguesia num período em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o Antigo Regime.
Crise e dissolução da Economia Política clássica. Crise dos ideais da burguesia revolucionária. Alteração da relação entre burguesia e cultura ilustrada.
Cultura ilustrada: projeto de emancipação humana que foi conduzido pela burguesia revolucionária, resumido na célebre consignação “liberdade, igualdade e fraternidade”. A emancipação possível sob o regime burguês não é a emancipação humana, mas somente a emancipação política. Houve emancipação dos homens das relações de dependência pessoal vigentes na feudalidade; mas não houve igualdade econômico-social, e sem esta a emancipação humana é impossível.
A Revolução burguesa não conduziu ao prometido “reino da liberdade”: conduziu a uma ordem social mais livre que a anterior, mas que continha limites, com uma nova dominação de classe.
A burguesia renuncia aos seus ideais emancipadores e converte-se em classe conservadora, neutralizando ou abandonando conteúdos mais avançados da cultura ilustrada. Novo cenário de confrontos: não mais burguesia x nobreza; mas burguesia x trabalhadores. Dois protagonistas começam a se enfrentar diretamente: a burguesia conservadora e o proletariado revolucionário.
A burguesia abandona os principais valores da cultura ilustrada e ingressa no ciclo da sua decadência ideológica, marcado pela sua incapacidade de classe de propor alternativas emancipadoras; a herança ilustrada passa às mãos do proletariado, o sujeito revolucionário. A Economia Política clássica torna-se incompatível com os ideais da burguesia conservadora.
Desuso da expressão “Economia Política”. Dissolução da Economia Política clássica: duas linhas de desenvolvimento teórico excludentes: investigação conduzida por pensadores da ordem burguesa e pelos intelectuais vinculados ao proletariado. No primeiro, a expressão é abandonada e substituída pela nominação mais simples de “Economia”; no segundo, “Crítica da Economia Política”.
Economia: disciplina científico-acadêmica estritamente especializada, técnica, depurada de preocupações históricas, sociais e políticas, que serão passadas para outras ciências sociais; adequada à ordem social da burguesia conservadora, torna-se instrumental, desenvolvendo enorme arsenal técnico; renuncia a qualquer pretensão de fornecer as bases para a compreensão do conjunto da vida social; ruptura em face da Economia Política clássica, tornando-se um importante instrumento de administração, manipulação e legitimação da ordem burguesa. Toma a ordem burguesa e suas categorias econômicas como naturais, imutáveis e invariáveis.
Crítica da Economia Política: a sociedade burguesa não é uma organização natural; é uma forma de organização social histórica, transitória. Vínculo com a cultura ilustrada; superação da Economia Política clássica, incorporando suas conquistas, mostrando seus limites e equívocos. Historiciza as categorias econômicas, rompendo a naturalização que as pressupõe como eternas; análise das leis do movimento do capital, base para apreender a dinâmica da sociedade capitalista, cujo conjunto de relações sociais está subordinado ao comando do capital. Uso do método crítico-dialético (materialismo histórico).
A Economia Política é a ciência das leis que regem a produção e a troca dos meios materiais de subsistência na sociedade humana. O objeto da Economia Política não é simplesmente a produção, mas as relações sociais que existem entre os homens na produção, a estrutura social da produção. O objeto da Economia política é a atividade econômica, ou seja, a produção e a distribuição dos bens com os quais os homens satisfazem as suas necessidades individuais ou coletivas; essa produção e distribuição constituem o processo econômico, e o objetivo da economia política é estudar as leis sociais que regulam esse processo.
Economia Política --> ciência das leis sociais da atividade econômica.
TRABALHO E SOCIABILIDADE - EMENTA
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EMENTA
A centralidade do trabalho na constituição da sociabilidade humana na sociedade capitalista. A produção socializada e apropriação privada de processos de trabalho. Trabalho produtivo e improdutivo. A polêmica da crise da sociedade do trabalho e metamorfose do trabalho. Trabalho na contemporaneidade.
OBJETIVO
Proporcionar ao aluno os fundamentos principais do debate do trabalho e seu significado ontológico, dentro da matriz teórica marxista, realçando as diferenças que tal categoria possui no ponto de vista econômico e do social.
PROGRAMA DETALHADO
UNIDADE I – Significado Ontológico de Trabalho
- Trabalho como categoria central na constituição do ser social
- Trabalho e Reprodução Social
- A emancipação humana por meio do trabalho
UNIDADE II – A questão social e os padrões de sociabilidade no capitalismo
- Trabalho alienado
- As origens da questão social
- As novas configurações da questão social
UNIDADE III – Relações sociais na atualidade e seus impactos na questão social
- Relações sociais e as mudanças no mundo do trabalho
- O trabalho e a crise do mundo atual
METODOLOGIA DE ENSINO
As aulas serão ministradas através de exposição dos temas, debates em sala, estudos dirigidos e trabalhos em grupo. Será utilizada de uma metodologia participativa na qual as(os) alunas(os) contribuam para as discussões, estimulando uma abordagem crítica dos conteúdos trabalhados.
BIBLIOGRAFIA
Livros Texto:
ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2000.
LESSA, S. “O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade”. In Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 2 – Brasília: CEAD/ABEPSS/CFESS, 1999, pp.19-33.
MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro I. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971 (Caps: V e XXIII).
Livros de Referência:
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho ?. São Paulo: Ed. Cortez, 1999.
LESSA, Sergio.O mundo dos Homens: trabalho e Ser Social. São Paulo: Boitempo, 2002.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. 2a. ed. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
EMENTA
A centralidade do trabalho na constituição da sociabilidade humana na sociedade capitalista. A produção socializada e apropriação privada de processos de trabalho. Trabalho produtivo e improdutivo. A polêmica da crise da sociedade do trabalho e metamorfose do trabalho. Trabalho na contemporaneidade.
OBJETIVO
Proporcionar ao aluno os fundamentos principais do debate do trabalho e seu significado ontológico, dentro da matriz teórica marxista, realçando as diferenças que tal categoria possui no ponto de vista econômico e do social.
PROGRAMA DETALHADO
UNIDADE I – Significado Ontológico de Trabalho
- Trabalho como categoria central na constituição do ser social
- Trabalho e Reprodução Social
- A emancipação humana por meio do trabalho
UNIDADE II – A questão social e os padrões de sociabilidade no capitalismo
- Trabalho alienado
- As origens da questão social
- As novas configurações da questão social
UNIDADE III – Relações sociais na atualidade e seus impactos na questão social
- Relações sociais e as mudanças no mundo do trabalho
- O trabalho e a crise do mundo atual
METODOLOGIA DE ENSINO
As aulas serão ministradas através de exposição dos temas, debates em sala, estudos dirigidos e trabalhos em grupo. Será utilizada de uma metodologia participativa na qual as(os) alunas(os) contribuam para as discussões, estimulando uma abordagem crítica dos conteúdos trabalhados.
BIBLIOGRAFIA
Livros Texto:
ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2000.
LESSA, S. “O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade”. In Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 2 – Brasília: CEAD/ABEPSS/CFESS, 1999, pp.19-33.
MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro I. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971 (Caps: V e XXIII).
Livros de Referência:
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho ?. São Paulo: Ed. Cortez, 1999.
LESSA, Sergio.O mundo dos Homens: trabalho e Ser Social. São Paulo: Boitempo, 2002.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. 2a. ed. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
ECONOMIA POLÍTICA - EMENTA
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Noções gerais sobre a Economia Política Clássica. A categoria trabalho como central na Economia Política. O Modo de Produção Capitalista (MPC): gênese, desenvolvimento, características. Acumulação, valorização, concentração/centralização do capital. A relação capital/trabalho. Processo de trabalho e controle da força de trabalho. A lei geral da acumulação capitalista. Características e tendências do capitalismo contemporâneo.
OBJETIVO
Oferecer aos alunos uma análise teórica da dinâmica do modo de produção capitalista, enfatizando uma interpretação crítica, histórica e cultural que possibilite fundamentar a apreensão de suas principais categorias, com destaque para a gênese e as transformações da “questão social”.
PROGRAMA DETALHADO
Unidade Introdutória
O surgimento da Economia Política, a crítica marxiana e a transformação da Economia em disciplina autônoma e especializada.
Unidade I: A categoria Trabalho e sua centralidade para a (crítica) da Economia Política. Categorias da (crítica) da Economia Política. Transição entre modos de produção
Pressupostos básicos para uma apreensão crítica da Economia Política: trabalho, transformação da natureza e constituição do ser social; Práxis, ser social e subjetividade. Categorias da (crítica) da Economia Política: a comunidade primitiva e o excedente econômico; forças produtivas, relações de produção e modos de produção; produção, distribuição e consumo. A transição entre modos de produção: o escravismo e o feudalismo; a crise do feudalismo e a Revolução Burguesa. Modo de produção e formação econômico-social.
Unidade II: Produção de mercadorias e modo de produção capitalista.
Mercadoria: valor de uso e valor de troca. A circulação simples de mercadoria e o capital. A circulação capitalista: a mercadoria como “célula econômica da sociedade”. A acumulação primitiva. Valor e dinheiro. A lei do valor. O fetichismo da mercadoria.
Unidade III: O modo de produção capitalista – a exploração do trabalho
A produção capitalista: produção de mais-valia e suas formas. Salário e trabalho concreto/abstrato. Subordinação do trabalho ao capital. Capital constante e capital variável. As formas do capital e a repartição da mais-valia.
Unidade IV: A acumulação capitalista e o movimento do capital
A reprodução ampliada: a acumulação de capital. O movimento do capital. Valorização, acumulação e concentração/centralização do capital. A lei geral da acumulação capitalista. A acumulação capitalista, os trabalhadores e a “questão social”.
Unidade V: O capitalismo contemporâneo
O fim dos “anos dourados” e a ofensiva do capital. A tríade da ofensiva: reestruturação produtiva, neoliberalismo e financeirização. As conseqüências sociais e políticas: desemprego estrutural, enfraquecimento do movimento organizado dos trabalhadores e novas manifestações da “questão social”. As consequências ideoculturais: a mistificação em torno do “fim do trabalho” e da “nova questão social”.
METODOLOGIA DE ENSINO
As aulas serão ministradas através de exposição dos temas, debates em sala e estudos dirigidos. Será utilizada de uma metodologia participativa na qual as(os) alunas(os) contribuam para as discussões, estimulando uma abordagem crítica dos conteúdos trabalhados.
BIBLIOGRAFIA
Livro Texto:
NETTO, J. P. e BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. 2a.ed. São Paulo; Cortez Editora, 2007.
Livros de Referência:
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro I. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
Noções gerais sobre a Economia Política Clássica. A categoria trabalho como central na Economia Política. O Modo de Produção Capitalista (MPC): gênese, desenvolvimento, características. Acumulação, valorização, concentração/centralização do capital. A relação capital/trabalho. Processo de trabalho e controle da força de trabalho. A lei geral da acumulação capitalista. Características e tendências do capitalismo contemporâneo.
OBJETIVO
Oferecer aos alunos uma análise teórica da dinâmica do modo de produção capitalista, enfatizando uma interpretação crítica, histórica e cultural que possibilite fundamentar a apreensão de suas principais categorias, com destaque para a gênese e as transformações da “questão social”.
PROGRAMA DETALHADO
Unidade Introdutória
O surgimento da Economia Política, a crítica marxiana e a transformação da Economia em disciplina autônoma e especializada.
Unidade I: A categoria Trabalho e sua centralidade para a (crítica) da Economia Política. Categorias da (crítica) da Economia Política. Transição entre modos de produção
Pressupostos básicos para uma apreensão crítica da Economia Política: trabalho, transformação da natureza e constituição do ser social; Práxis, ser social e subjetividade. Categorias da (crítica) da Economia Política: a comunidade primitiva e o excedente econômico; forças produtivas, relações de produção e modos de produção; produção, distribuição e consumo. A transição entre modos de produção: o escravismo e o feudalismo; a crise do feudalismo e a Revolução Burguesa. Modo de produção e formação econômico-social.
Unidade II: Produção de mercadorias e modo de produção capitalista.
Mercadoria: valor de uso e valor de troca. A circulação simples de mercadoria e o capital. A circulação capitalista: a mercadoria como “célula econômica da sociedade”. A acumulação primitiva. Valor e dinheiro. A lei do valor. O fetichismo da mercadoria.
Unidade III: O modo de produção capitalista – a exploração do trabalho
A produção capitalista: produção de mais-valia e suas formas. Salário e trabalho concreto/abstrato. Subordinação do trabalho ao capital. Capital constante e capital variável. As formas do capital e a repartição da mais-valia.
Unidade IV: A acumulação capitalista e o movimento do capital
A reprodução ampliada: a acumulação de capital. O movimento do capital. Valorização, acumulação e concentração/centralização do capital. A lei geral da acumulação capitalista. A acumulação capitalista, os trabalhadores e a “questão social”.
Unidade V: O capitalismo contemporâneo
O fim dos “anos dourados” e a ofensiva do capital. A tríade da ofensiva: reestruturação produtiva, neoliberalismo e financeirização. As conseqüências sociais e políticas: desemprego estrutural, enfraquecimento do movimento organizado dos trabalhadores e novas manifestações da “questão social”. As consequências ideoculturais: a mistificação em torno do “fim do trabalho” e da “nova questão social”.
METODOLOGIA DE ENSINO
As aulas serão ministradas através de exposição dos temas, debates em sala e estudos dirigidos. Será utilizada de uma metodologia participativa na qual as(os) alunas(os) contribuam para as discussões, estimulando uma abordagem crítica dos conteúdos trabalhados.
BIBLIOGRAFIA
Livro Texto:
NETTO, J. P. e BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. 2a.ed. São Paulo; Cortez Editora, 2007.
Livros de Referência:
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro I. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO DE CAMPO
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ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO DE CAMPO
Renato Veloso
O projeto de pesquisa, “TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO SEU POTENCIAL PARA A GESTÃO PÚBLICA” realizado na Faculdade de Serviço Social da UERJ e financiado pelo CNPq, tem por objetivo conhecer as modalidades e formas de uso de tecnologias da informação na gestão pública, a partir das informações fornecidas por assistentes sociais, enfatizando o seu potencial para a melhoria dos processos de planejamento e implementação de políticas públicas. Busca verificar se a incidência de uso de tecnologias da informação ocasiona melhorias efetivas na gestão pública, como a ampliação de direitos e o aperfeiçoamento das instituições democráticas, ou se, simplesmente, prioriza um padrão adequado às necessidades do capital, tomando as tecnologias apenas como ferramentas de racionalização do trabalho e de gerenciamento.
Visando apreender as formas de incorporação das TI aos processos de trabalho em que se inserem os assistentes sociais (detectando dificuldades, limites e desafios postos às equipes e aos profissionais ), foram definidos como instrumentos de coleta de dados a entrevista, a observação e o diário de campo. As orientações a seguir têm por objetivo subsidiar o trabalho de campo, apresentando sugestões para que as entrevistas, observações e registros em diários de campo sejam conduzidos da forma mais consistente possível.
A entrevista tem por objetivo apreender o ponto de vista dos entrevistados, por isso não deve haver preocupações com respostas “certas” ou “erradas”. O que se quer apreender dos entrevistados são dados subjetivos que só podem ser obtidos com sua contribuição: atitudes, valores, opiniões, maneiras de pensar, sentimentos, maneiras de atuar, condutas, comportamentos presentes ou futuros e suas razões conscientes ou inconscientes.
O roteiro de entrevista é um guia, e não um obstáculo. Isso significa que ele deve conter uma certa “flexibilidade” para que não sejam desperdiçados dados relevantes que possam surgir durante a entrevista. Por outro lado, esta flexibilidade não deve corresponder a uma ausência de direcionamento e objetividade, pois se corre o risco de não obter dados relevantes e consistentes que permitam reproduzir o objeto de estudo. Ainda que com uma postura “flex ível”, o pesquisador deve dirigir, controlar e orientar todo o processo, mesmo quando tenta deixar os entrevistados à vontade.
Lembre-se que a entrevista não está num campo supostamente neutro da coleta de dados. O momento da entrevista é, também, marcado por conflitos, contradições e tensões. Tentem criar uma atitude simpática e um ambiente em que, sem a pretensão de neutralizar ou negar tais contradições, estas não prejudiquem ou impactem negativamente a coleta dos dados. Para tal postura, são atitudes fundamentais a abertura, a flexibilidade, o dinamismo, a capacidade de observação e de interação.
A realidade não é apreendida de maneira imediata, por isso é necessário que o pesquisador esteja adequadamente preparado para tentar reproduzi-la. Esta preparação supõe o uso consciente e preciso da técnica da observação. Observar é diferente de ver. Não é raro encontrar pesquisadores que vêem muito e problematizam pouco. A observação atenta e rigorosa além de não se limitar à mera constatação de dados, demanda o uso de procedimentos de ordem técnica, metódica e sistemática, complementando os sentimentos do pesquisador em relação aos fenômenos investigados.
Junto com a observação, deve-se proceder ao registro fiel do que foi observado e identificado como dado relevante, e é neste momento que o diário de campo mostra a sua importância para o trabalho de coleta de dados. Para que você não fique refém de sua memória, elabore-o imediatamente, com o máximo de atenção e detalhamento possível. Nele devem ser registradas todas as informações que não sejam a gravação das entrevistas formais, incluindo-se: observações, conversas informais, comportamentos, comentários, gestos, expressões, formas de organização do trabalho, existência de recursos tecnológicos, computadores, uso que deles é feito, posturas favoráveis ou não, falas, enfim, tudo aquilo que possa nos ajudar a entender nosso objeto de estudo.
A partir destas considerações iniciais, sugiro algumas orientações de ordem prática para subsidiar o trabalho dos pesquisadores em campo. São sugestões que, espera-se, possam aprimorar a complexa e fascinante “aventura” que é o trabalho de campo.
1 - Observe atentamente o ambiente e o contexto em que se dará da entrevista. Comentários, formas de organização, posturas, conversas, manifestações informais etc. podem conter dados preciosos.
2 - Ao escolher o local para a entrevista tome cuidado com o barulho ou ruído excessivo; além de atrapalhar o entrevistado e o entrevistador, dificulta o processo de transcrição. Utilize o gravador de forma a obter o máximo de qualidade sonora: ruídos, pessoas falando ao mesmo tempo, sobreposição de vozes, distância do microfone, etc. dificultam em muito a etapa de transcrições de áudio.
3 - Ao abordar o entrevistado, identificar-se e informar os objetivos da pesquisa, sem apresentar as hipóteses ou pressupostos, pois isso pode interferir nas respostas do entrevistado.
4 - Apresentar ao entrevistado o termo de consentimento, se necessário ler em conjunto, como uma formalização das condições de sigilo e preservação da identidade.
5 - Explicar com atenção e cuidado a necessidade da gravação. É um recurso para não deixar que os dados se percam. Em hipótese alguma haverá identificação do entrevistado. O entrevistado não tem que se sentir intimidado pelo gravador, pode responder com calma, pensar, refletir.
6 - Iniciar a entrevista com um pequeno trecho de abertura, informando o início da entrevista, a data, local, hora, e outras informações relevantes. Evite “começar do nada”.
7 - Evite ler as perguntas, simplesmente. Tente apresentá-las de forma mais “personalizada”. Não há problemas em repetir a questão. Se você perceber que a resposta dada pelo entrevistado não corresponde à pergunta realizada, reformule-a. Tome apenas o cuidado de não pressionar o entrevistado, fazendo-o se sentir acuado, “contra a parede”.
8 - Não ofereça qualquer tipo de “ajuda”, comentário positivo ou negativo para a resposta do entrevistado. Posturas como balançar a cabeça, como se estivesse concordando ou discordando, olhares enfáticos ou manifestações de riso ou espanto podem impressionar e interferir na resposta do entrevistado.
9 - Evite ficar nervoso, pois essa postura pode afetar o comportamento do entrevistado. Tente conduzir a entrevista da forma mais serena possível, deixando o entrevistado a vontade para responder de forma tranqüila, sem pressa ou nervosismo.
10 - Explicar que não há resposta “correta”, por isso o entrevistado não precisa se preocupar em responder “errado”. A pesquisa incide justamente sobre as impressões e considerações que os profissionais possuem.
11 - Há um roteiro geral para a entrevista, que pode ser mostrado ao entrevistado, caso ele solicite. O instrumento específico para realização da entrevista é de uso exclusivo do entrevistador.
12 - Ao término da entrevista, após os comentários e considerações finais do entrevistado, não pare a gravação de forma abrupta. Registre a sua finalização, com hora e data.
13 - O entrevistado tem o direito de solicitar uma cópia da entrevista ou da transcrição. Caso ele a solicite, informe que o mesmo será enviado dentro de um prazo de duas semanas, para que tenhamos tempo hábil para a transcrição do áudio.
14 - Ao término da entrevista, agradecer ao entrevistado pelo tempo e atenção. Informar que a equipe da pesquisa está à disposição para dúvidas ou sugestões. Informar ainda que após a fase de coleta de dados, a equipe da pesquisa voltará à instituição para dar o retorno das informações geradas a partir das entrevistas.
15 – Elabore imediatamente o diário de campo para que a riqueza presente nas informações e dados observados não se perca.
Rio de Janeiro, outubro de 2010.
ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO DE CAMPO
Renato Veloso
O projeto de pesquisa, “TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO SEU POTENCIAL PARA A GESTÃO PÚBLICA” realizado na Faculdade de Serviço Social da UERJ e financiado pelo CNPq, tem por objetivo conhecer as modalidades e formas de uso de tecnologias da informação na gestão pública, a partir das informações fornecidas por assistentes sociais, enfatizando o seu potencial para a melhoria dos processos de planejamento e implementação de políticas públicas. Busca verificar se a incidência de uso de tecnologias da informação ocasiona melhorias efetivas na gestão pública, como a ampliação de direitos e o aperfeiçoamento das instituições democráticas, ou se, simplesmente, prioriza um padrão adequado às necessidades do capital, tomando as tecnologias apenas como ferramentas de racionalização do trabalho e de gerenciamento.
Visando apreender as formas de incorporação das TI aos processos de trabalho em que se inserem os assistentes sociais (detectando dificuldades, limites e desafios postos às equipes e aos profissionais ), foram definidos como instrumentos de coleta de dados a entrevista, a observação e o diário de campo. As orientações a seguir têm por objetivo subsidiar o trabalho de campo, apresentando sugestões para que as entrevistas, observações e registros em diários de campo sejam conduzidos da forma mais consistente possível.
A entrevista tem por objetivo apreender o ponto de vista dos entrevistados, por isso não deve haver preocupações com respostas “certas” ou “erradas”. O que se quer apreender dos entrevistados são dados subjetivos que só podem ser obtidos com sua contribuição: atitudes, valores, opiniões, maneiras de pensar, sentimentos, maneiras de atuar, condutas, comportamentos presentes ou futuros e suas razões conscientes ou inconscientes.
O roteiro de entrevista é um guia, e não um obstáculo. Isso significa que ele deve conter uma certa “flexibilidade” para que não sejam desperdiçados dados relevantes que possam surgir durante a entrevista. Por outro lado, esta flexibilidade não deve corresponder a uma ausência de direcionamento e objetividade, pois se corre o risco de não obter dados relevantes e consistentes que permitam reproduzir o objeto de estudo. Ainda que com uma postura “flex ível”, o pesquisador deve dirigir, controlar e orientar todo o processo, mesmo quando tenta deixar os entrevistados à vontade.
Lembre-se que a entrevista não está num campo supostamente neutro da coleta de dados. O momento da entrevista é, também, marcado por conflitos, contradições e tensões. Tentem criar uma atitude simpática e um ambiente em que, sem a pretensão de neutralizar ou negar tais contradições, estas não prejudiquem ou impactem negativamente a coleta dos dados. Para tal postura, são atitudes fundamentais a abertura, a flexibilidade, o dinamismo, a capacidade de observação e de interação.
A realidade não é apreendida de maneira imediata, por isso é necessário que o pesquisador esteja adequadamente preparado para tentar reproduzi-la. Esta preparação supõe o uso consciente e preciso da técnica da observação. Observar é diferente de ver. Não é raro encontrar pesquisadores que vêem muito e problematizam pouco. A observação atenta e rigorosa além de não se limitar à mera constatação de dados, demanda o uso de procedimentos de ordem técnica, metódica e sistemática, complementando os sentimentos do pesquisador em relação aos fenômenos investigados.
Junto com a observação, deve-se proceder ao registro fiel do que foi observado e identificado como dado relevante, e é neste momento que o diário de campo mostra a sua importância para o trabalho de coleta de dados. Para que você não fique refém de sua memória, elabore-o imediatamente, com o máximo de atenção e detalhamento possível. Nele devem ser registradas todas as informações que não sejam a gravação das entrevistas formais, incluindo-se: observações, conversas informais, comportamentos, comentários, gestos, expressões, formas de organização do trabalho, existência de recursos tecnológicos, computadores, uso que deles é feito, posturas favoráveis ou não, falas, enfim, tudo aquilo que possa nos ajudar a entender nosso objeto de estudo.
A partir destas considerações iniciais, sugiro algumas orientações de ordem prática para subsidiar o trabalho dos pesquisadores em campo. São sugestões que, espera-se, possam aprimorar a complexa e fascinante “aventura” que é o trabalho de campo.
1 - Observe atentamente o ambiente e o contexto em que se dará da entrevista. Comentários, formas de organização, posturas, conversas, manifestações informais etc. podem conter dados preciosos.
2 - Ao escolher o local para a entrevista tome cuidado com o barulho ou ruído excessivo; além de atrapalhar o entrevistado e o entrevistador, dificulta o processo de transcrição. Utilize o gravador de forma a obter o máximo de qualidade sonora: ruídos, pessoas falando ao mesmo tempo, sobreposição de vozes, distância do microfone, etc. dificultam em muito a etapa de transcrições de áudio.
3 - Ao abordar o entrevistado, identificar-se e informar os objetivos da pesquisa, sem apresentar as hipóteses ou pressupostos, pois isso pode interferir nas respostas do entrevistado.
4 - Apresentar ao entrevistado o termo de consentimento, se necessário ler em conjunto, como uma formalização das condições de sigilo e preservação da identidade.
5 - Explicar com atenção e cuidado a necessidade da gravação. É um recurso para não deixar que os dados se percam. Em hipótese alguma haverá identificação do entrevistado. O entrevistado não tem que se sentir intimidado pelo gravador, pode responder com calma, pensar, refletir.
6 - Iniciar a entrevista com um pequeno trecho de abertura, informando o início da entrevista, a data, local, hora, e outras informações relevantes. Evite “começar do nada”.
7 - Evite ler as perguntas, simplesmente. Tente apresentá-las de forma mais “personalizada”. Não há problemas em repetir a questão. Se você perceber que a resposta dada pelo entrevistado não corresponde à pergunta realizada, reformule-a. Tome apenas o cuidado de não pressionar o entrevistado, fazendo-o se sentir acuado, “contra a parede”.
8 - Não ofereça qualquer tipo de “ajuda”, comentário positivo ou negativo para a resposta do entrevistado. Posturas como balançar a cabeça, como se estivesse concordando ou discordando, olhares enfáticos ou manifestações de riso ou espanto podem impressionar e interferir na resposta do entrevistado.
9 - Evite ficar nervoso, pois essa postura pode afetar o comportamento do entrevistado. Tente conduzir a entrevista da forma mais serena possível, deixando o entrevistado a vontade para responder de forma tranqüila, sem pressa ou nervosismo.
10 - Explicar que não há resposta “correta”, por isso o entrevistado não precisa se preocupar em responder “errado”. A pesquisa incide justamente sobre as impressões e considerações que os profissionais possuem.
11 - Há um roteiro geral para a entrevista, que pode ser mostrado ao entrevistado, caso ele solicite. O instrumento específico para realização da entrevista é de uso exclusivo do entrevistador.
12 - Ao término da entrevista, após os comentários e considerações finais do entrevistado, não pare a gravação de forma abrupta. Registre a sua finalização, com hora e data.
13 - O entrevistado tem o direito de solicitar uma cópia da entrevista ou da transcrição. Caso ele a solicite, informe que o mesmo será enviado dentro de um prazo de duas semanas, para que tenhamos tempo hábil para a transcrição do áudio.
14 - Ao término da entrevista, agradecer ao entrevistado pelo tempo e atenção. Informar que a equipe da pesquisa está à disposição para dúvidas ou sugestões. Informar ainda que após a fase de coleta de dados, a equipe da pesquisa voltará à instituição para dar o retorno das informações geradas a partir das entrevistas.
15 – Elabore imediatamente o diário de campo para que a riqueza presente nas informações e dados observados não se perca.
Rio de Janeiro, outubro de 2010.
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